Quandi Sophia tinha 6 anos, passei por alguns momentos que os “valores estéticos” entrassem em evidência em casa.
Notei que a Sophia já tinha seu próprio gosto. Ela já admirava ou achava feio coisas e pessoas de uma determinada característica. Eu fiquei pensando sobre isso…
Os valores estéticos vem sendo impostos na vida da criança desde sempre. Em histórias de princesas, filmes da Barbie. São sempre magras, loiras, com pele sem pintinhas… Outro dia ela me disse que não gosta das minhas sardas. Eu não me incomodei, justamente porque eu sempre ADOREI minhas sardas e deixei isso claro pra ela. Mas não é algo comum, né? Barbie não tem sarda!
Um outro momento que passamos… Sophia precisa, de fato, perder um pouco de peso. Pela saúde! Não faço pressão, tento encarar com naturalidade. Mas uma menina até bem mais gordinha que ela, quis ofendê-la chamando-a de gorda. Ela ficou triste, chorou… Eu respondi: filha, ela é magra? Ela disse que não e já desencanou da história.
Sophia também não tem uma beleza comum. Ela é linda sim. Tem cabelos volumosos, compridos, lindos! Chama a atenção de todos. Muitas amigas minhas falam “nossa, meu sonho ter o cabelo como o da Sophia…”. Mas não é comum entre as crianças. Você vê a maioria das crianças com um cabelo mais ralinho, fino. Sophia tem muitas amigas de cabelo liso, curto, com franjinha. E ela veio com essa história de “mãe, quero ter cabelo curto”. Respondi que não dava, já que seu cabelo era muito volumoso, ia ficar armado… Ela então respondeu com “ah, então é só fazer CHAPINHA”. Ri! rsrs…
É… É complicado uma menina criança ser diferente no meio de tanta gente igual. Ela é linda a seu modo. Mas como fazer entender que ela é linda sim e que aquele cabelão volumoso, sem chapinha, é lindo???
É complicado. Muita conversa e demonstrações…
Em casa nós tentamos não valorizar só isso. Inclusive nesses momentos sempre tento dizer que não adianta a criança ser linda e mal educada. Não respeitar as pessoas. No caso da menina que a chamou de gorda, eu disse “Filha, ela não é magra e isso nem é problema e defeito. O problema da fulana é justamente a falta de respeito pelas pessoas. Fico feliz porque nunca vi você tendo uma atitude como a dela. Continue assim!!”
Uma outra forma que fazemos é não deixar se maquiar, nem pintar unha todos os dias. Além dos efeitos nocivos pra pele ainda sensível da criança, nós acreditamos em casa que criança tem que ser criança. Ela já vai ter tanto tempo, tanta pressão da sociedade no futuro para estar maquiada e mãos feitas, pra que antecipar isso?
Claro que deixamos brincar de maquiagem de vez em quando. Ela até tem as dela, e esmaltes próprios para criança que a vovó deu (lava e sai). Nas festinhas de aniversário dela também faço uma graça… Ela, tão infantil que é, sempre quer uma unha de cada cor! rs… Mas não fazemos disso uma obrigação. A única obrigação da Sophia é brincar e ser feliz! Mas também enfrentamos a questão “mas a fulana vai pra escola todo dia de unha pintada…”. Sempre tem! E a gente dribla a situação. Porque cada família é de um jeito. A minha é desse.
Nessa semana, levei-a para aparar as pontas do cabelo e ela disse “eu queria que meu cabelo fosse liso”. A cabeleireira logo fez um agrado e fez escova no cabelo dela pela primeira vez na vida.. rs.. Ela ficou se achando. Mas é assim, um dia isolado. Uma brincadeira. Linda mesmo é ela natural.
Li no site da Revista Crescer que é até bom a mãe relaxar um pouco em casa, andar descalça e natural para que a criança veja que é bonito ser natural. E também evitar programas televisivos inadequados para a idade. Apesar de que, como eu disse antes, até mesmo os infantis condicionam a criança a achar que só “princesas disney” e “barbies” são bonitas.
A gente tenta driblar essa situação em casa, à nosso modo. Vamos tentar adiar o máximo essa imposição de valores estéticos. Devemos lembrar que os valores morais e emocionais são sempre maiores e mais importantes. Valorize isso em casa e vai ter uma pessoa melhor no futuro!!!