Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já nos sentimos ansiosos frente algum acontecimento que não conhecemos ou diante de uma situação que não tínhamos controle. A ansiedade é caracterizada por uma sensação desconfortável de medo, acompanhada de palpitações, sudorese, ‘’borboletas na estomago’’, etc. Em níveis adequados ela é essencial para nos mobilizarmos a fim de realizarmos nossas atividades.
Até mesmo nossas crianças passam por situações que geram ansiedade. Ao ingressar na escola, com a chegada de um irmãozinho, diante de uma viagem, falecimento de um parente, separação dos pais, etc. O que não é natural é vermos crianças desde muito pequenas com diarreia, vômitos, dores de cabeça, falta de ar, palpitações, comportamento agressivo, dificuldades de concentração e medos em excesso, por um período prolongado.
O que podemos fazer para que nossas crianças não sofram com estas sensações em excesso?
Rotina
No consultório uma pergunta que sempre faço para as crianças que atendo é: “Se você pudesse pedir algo para os seus pais, tipo um desejo, o que pediria?’’, e para o meu espanto, não foi uma viagem, um brinquedo, um jogo eletrônico, um celular. Em alguns segundos vem à resposta, na ponta da língua: “Tempo”!. Sim, tempo.
A rotina da família atual é cheia de compromissos, é uma correria contra o tempo. Sempre escuto: ‘’O dia deveria ter 48 horas, para que eu pudesse dar conta de tudo”. E as crianças possuem rotinas tão agitadas quanto a de seus pais. Café da manhã rapidinho segue com o colégio, almoço rapidinho, pois logo depois vem o inglês, aula particular de matemática, judô, segue com o futebol, balé, em seguida, natação, lanchinho, casa da avó, tia ou babá, tarefa de casa, trabalho escolar, visitinha ao dentista, nutricionista, psicóloga, pedagoga, aula de redação, jantar, e cama, pois amanhã tem tudo novamente. No café da manhã são comuns comentários do tipo: “Anda logo fulaninho, estamos sem tempo’’ No almoço: ‘’Coma logo sicraninho, ou vamos chegar atrasados!”. As cobranças giram em torno do tempo.
Sugestão para rotina: Horário de dormir e acordar mais ou menos fixo. Nada de dormir depois das 23:00 horas e acordar na hora do almoço. Elas precisam discriminar que tem hora para dormir, para acordar, hora do café da manhã, da brincadeira, do almoço, do lanche, do passeio, da escola, do banho. Hora para tudo. Quando proporcionamos uma rotina mais ou menos fixa para a criança ela consegue prever o que irá acontecer, dando-lhe uma sensação de controle e com isto tranquilidade.
Atividades
As atividades, como natação, futebol, inglês, etc. devem acontecer, mas sempre com momentos para brincadeiras e um tempo para o ócio. Sim o ócio!!! Um momento para a criança não fazer nada, simplesmente relaxar fazendo NADA.
Os passeios devem acontecer sempre nos fins de semana, para ela perceber a diferença entre a rotina de semana e fim de semana. Então, parque, cinema, teatro, pequenas viagens, visitas a familiares, se possível no fim de semana.
Os horários devem ser respeitados. Não é bom levar seu filho pequeno de 2 anos a um jantar de amigos. O pequeno ficará irritado, terá que dormir em uma cama que não é a dele, a comida pode vir fora do seu horário habitual. Neste caso, se for possível, deixe-o com a avó ou com uma babá. Se a criança for maior, até pode, desde que não seja em um dia no meio da semana, por exemplo.
Cobranças
Se a criança tiver 11 anos cuidado com os excessos, pois muitos pais acham que já está bem ‘’grandinha’’ e a vêm como um adulto em miniatura. Cuidado!! Ela ainda é uma criança. Precisa ser lembrada das suas tarefas, precisa de beijo e abraço, incentivo, elogio e brincadeiras.
TV
Cuidado com a TV. Criança tem que ficar longe dos noticiários. Os medos mais comuns que tenho visto são: medo de ladrão, de assalto, de perder os pais e de sequestro.
Regras
Regras claras e objetivas. As crianças devem ter clareza do que podem e o que não podem fazer. Se ela está fazendo algo que você não concorda não adianta gritar: ‘’Não faça isto!!’’, você terá que dizer o que ela pode.
Segurança
Não esqueça seu filho na escola.
Não diga: ‘’Se você não para de chorar eu vou embora e não volto mais!’’
Este tipo de coisa deixa a criança insegura e com medo.
Sei que educar não é uma tarefa fácil. Mas, pode ser muito gratificante. Um lar onde os familiares se respeitam, escutam um ao outro, onde lidam com suas frustrações e dificuldades de maneira adequada, mostrando as suas crianças como elas podem lidar com seus probleminhas, já estará fazendo a diferença.
Psicóloga: Viviane Alonso de Paula Sperandio
CRP 08/09831
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