Escrevi o texto seguinte no ano de 2012 para a coluna Papo de Mãe, em uma revista maringaense, que não existe mais, chamada CEGONHA:
Ainda me lembro com carinho dos meus aniversários. As festas não eram, nem de longe, parecidas com as que vemos por aí hoje em dia. Minha mãe convidada os vizinhos, às vezes só boca a boca, nem precisava de convite no papel. Hoje em dia existem convites tão arrojados quanto a um convite de casamento. A decoração dos meus aniversários sequer tinha um tema específico. Havia balões, com um maior cheio de doces pra estourar… E a mesa era decorada de brigadeiros, beijinhos e cajuzinhos. Era simples, mas era aconchegante e charmoso!
As festas eram em casa mesmo. As crianças se divertiam umas com as outras. A minha diversão preferida era dançar! Não havia brinquedos enormes, nem games. No máximo uma bolinha ou uma boneca que tinha em casa mesmo. Quando tinha lembrancinha, era um saquinho cheio de doces. E as crianças chegavam e saiam satisfeitas! Era muito gostoso!
Hoje em dia, aniversário virou um nicho fascinante para o mercado. Eu, como mulher, adoro as facilidades que encontramos. Posso não ter mais sujeira em casa, a festa fica linda com as decorações (e eu adoro me meter à decoradora), fora a infinidade de opções de diversão e delícias. Porém como mãe, eu fico preocupada em valorizar a festa não só como um evento super legal, mas um momento de encontros, de rever os amigos e familiares, de brincar, socializar e comemorar o dia mais especial de nossas vidas!
No primeiro aniversário da Sophia, algumas pessoas tentavam me convencer a não fazer festa, alegando que ela não ia se lembrar. Tudo bem que ela não se lembre, mas nós estávamos ali comemorando o primeiro ano dos mais felizes que viriam pela frente! A festa não era só para ela, mas também por ela. Era nossa comemoração pela vida dela!
Eu me lembro de um aniversário em que fomos. Sophia tinha menos de três anos e estava empolgada pra encontrar o aniversariante, entregar o presente e brincar com ele, lógico! Para ela isso era muito lógico! Ela saiu da festa chateada, reclamando porque o amigo não abriu o presente na hora e só queria saber de brincar sozinho, nos brinquedos. Foi depois desse dia que eu fiquei exigente quanto às festinhas da minha pequena.
Uma das minhas exigências para o aniversário da Sophia, hoje prestes a fazer cinco anos, é que as crianças se divirtam umas com as outras. Para isso, caso eu vá fazer em buffet, procuro escolher aqueles com monitoras simpáticas que incentivem brincadeiras, pois já notei que as vezes com tanta opção, as crianças sem querer acabam preferindo brinquedos aos amigos. Às vezes mal se falam durante a festa. A minha vontade mesmo era encontrar um buffet com quase nada de super brinquedos, mas com uma equipe que pudesse incentivar o máximo de contato umas com as outras, fazendo mini gincanas e brincadeiras. Ainda não encontrei isso (fica a dica pros empresários do ramo)!
Eu procuro sempre demonstrar para a minha filha que “ser” é melhor do que “ter”. Que nem tudo o que o amiguinho tem ou faz, ela precisa para ficar feliz. É complicado fazer entender, porque parece óbvio, com tanta coisa legal e atrativa… Explicar em palavras é difícil, então para isso damos muito valor aos passeios, brincadeiras, a convivência e ao contato. Gosto de fazer com ela brincadeiras que eu fazia quando criança. Ela adora! Brincamos na rua, no parque da praça, fazemos piquenique, entre outras coisas. Não compro presentes a qualquer hora. Em casa, nós incentivamos a conquista. Quando ela quer algo, procuramos de alguma forma fazer com que ela conquiste o que quer.
Tento ensinar em casa a valorizar o simples. A minha filha comemora um convite ao parque, como nós comemoramos um gol de copa do mundo. E nós entramos na brincadeira, fazemos baixar a criança em nós, curtirmos com ela cada momento. Não é um fardo fazê-la feliz. Uma das coisas mais gostosas da maternidade é ver aqueles olhos brilhando de felicidade!
A verdade é que não importa o tamanho da festa. Sendo em casa ou mesmo em um buffet luxuoso, a criança sempre vai ficar feliz se estiverem presentes as pessoas que ela realmente gosta de estar perto. É claro que aproveito, dentro das minhas condições e exigências, dos luxos que o mercado me oferece. Mas é preciso, antes de tudo, valorizar o amor, a amizade e o contato físico. O ser estará sempre à frente do ter.
Foto: Arquivo Pessoal – Primeiro aninho da Sophia